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sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Entrevista com Jota Silvestre colaborador da Mundo Nerd


Finalmente chegou a tão esperada sexta-feia e mais do que isso, sexta-feira acompanhada de feriado na segunda. Não tem coisa melhor para quem quer descansar, não é mesmo? Mas esse não é o caso da equipe do ABC dos Nerds, esse feriado para a gente é um motivo a mais para trabalho e trazer conteúdo e novidades para vocês!
E por falar em conteúdo e novidades, essa semana tivemos a oportunidade de fazer uma entrevista com Jota Silvestre colaborador da revista Mundo Nerd sobre a revista e também sobre a cultura Nerd em si.
Então conferi ai! ;) 

Pergunta: Conta um pouquinho sobre a revista Mundo Nerd, de como surgiu e o que vocês fazem por lá?
Resposta: Bom, eu sou apenas um colaborador freelance e não participei da concepção da revista. Pelo que acompanhei na época, a Mundo Nerd nasceu como publicação “derivada” da Mundo dos Super­Heróis para que esta pudesse voltar a concentrar-­se apenas nos super­heróis – durante um tempo a revista explorou outros temas – enquanto a Mundo Nerd iria explorar todo o resto – fantasia, ficção, terror, aventura etc.

P: O que é o Nerd atualmente?
R: Pergunta difícil, e acho que não há um consenso a respeito. O que se sabe é que aquela figura do nerd antissocial, que sofre bullying, não gosta de esportes, é tímido etc. ficou para trás. O que o nerd de hoje e de antigamente têm em comum é o gosto por temas como ficção científica, fantasia e outros menos "populares". O nerd normalmente tem bom nível intelectual, gosta de ler, de pesquisar, de se informar sobre os assuntos de seu interesse. É ligado em novas tecnologias, internet, redes sociais, videogames.

P: O que você acha da retratação da figura Nerd, tanto em revistas, quadrinhos, filmes e seriados (nas mídias digitais em geral), você acha que elas são fieis e reais a realidade?
R: Como eu disse, aquela figura clássica do nerd ficou para trás e me parece que os meios de comunicação – pelo menos os mais antenados – perceberam isso. Quando você vê nerds estereotipados como em The Big Bang Theory é preciso entender que se trata de uma abordagem bem­ humorada, que usa o estereótipo para fazer graça e até quebrar certos preconceitos. O que tenho visto na maioria das vezes é o nerd exercendo a figura do herói, do mocinho, do cara que vai a fundo para entender um dilema e resolvê-­lo.

P: Quando você fala com o Nerd, diretamente, você usa ou tenta usar algum tipo de línguagem especifica? Como funciona isso?
R: Bom, eu me considero um nerd, então não sei se as pessoas falam de forma diferente comigo! Quando converso com outro nerd, me sinto em casa. Podemos falar dos mesmos seriados, filmes, quadrinhos... É bastante prazeroso porque você sabe que seu interlocutor está não só entendendo o que você está falando, mas também entendendo sua empolgação (os não­ nerds raramente entendem o prazer que a gente sente ao final de um seriado, por exemplo). Outra coisa gratificante é que o nerd sempre tem um tema que gosta mais, que conhece mais. Então, conversar com outros nerds é uma forma de aprender sobre esses temas, pegar dicas, conhecer outros personagens e produtos. Acontece comigo o tempo todo.

P: Desde o surgimento do Nerd até atualmente, aconteceram várias mudanças, certo? Do Nerd que antes era excluído ao fato de ser legal ser Nerd hoje. Como você acha que essa mudança aconteceu e por quê?
R: Difícil dizer. A impressão que eu tenho é de uma evolução natural dessa imagem, porque as pessoas em geral e os nerds em particular começaram a perceber que eles podem gostar de Tolkien e de jogar futebol, por exemplo. O nerd moderno tem vida social, namorada, amigos, gosta de balada, e ao mesmo tempo é um cara interessante porque tem bom nível cultural e é capaz de falar de vários assuntos, principalmente alguns que estão “na moda”. Alguém que esteja conhecendo O Hobbit pelo cinema pode receber uma verdadeira aula de um amigo nerd, porque é bem provável que ele tenha lido o livro, assistido à animação, lido o quadrinho...

P: Na sua opinião, você acha que o Nerd tem relevância na cultura jovem? Por que e qual é essa importância?
R: Acredito que sim. Por dominar assuntos que só agora chegaram ao grande público (como super­heróis, por exemplo), o nerd se converte num formador de opinião. Alguns dos meus amigos não­nerds às vezes vêm se aconselhar comigo se deve ou não assistir a um filme, uma série. Acredito que aconteça com outros nerds também.

P: Por que atualmente a popularização da cultura Nerd se tornou possível e um fato?
R: É inegável que o cinema tem grande peso na popularização de elementos que antes eram limitados à cultura nerd, como os livros do Tolkien e quadrinhos de super­heróis. Isso trouxe um público novo, grande e ávido para o mercado nerd e muitas empresas têm sabido como tirar proveito. Quanto mais filmes, mais produtos e mais consumo, e enquanto o consumo estiver alto, mais filmes serão produzidos, alimentando esse círculo virtuoso.
­ Com a introdução dos HQs no mundo cinematográfico, fez com que o público (a massa), se interessase mais em conhecer os assuntos de um grupo (nicho) menor.

P: Você acha que isso pode se tornar padrão e outros assuntos comum dos Nerds, se tornem 
também assuntos do público?
R: Sim, como o caso de Tolkien que eu citei. As trilogias de O Senhor dos Anéis e O Hobbit levaram o autor a um público que talvez nunca tivesse ouvido falar dele. O mesmo vale para George R. R. Martin e a série Game of Thrones. Há muitos, muitos outros autores e personagens que podem ser aproveitados pela mídia de massa e o que é mais legal é que o público “leigo” parece que está bastante aberto a conhecer estas coisas que para ele são novas. 

P: Hoje, o Nerd é muito conhecido. Perdeu-­se aquela imagem de que o Nerd era excluído e introvertido. Você acha que os Nerds queriam que isso acontecesse e se tornassem conhecidos? Ou foi puramente interesse do mercado?
R: Não há consenso. Vejo alguns nerds incomodados, como se seu “mundo” tivesse sido invadido por uma horda de “bárbaros ignorantes”. Pessoalmente, não gosto dessa postura. Claro que às vezes é chato ouvir uma pessoa que se acha especialista em Vingadores só porque assistiu aos dois filmes e acabou de comprar um gibi na banca; pior é essa pessoa querer dar “aula” para alguém que lê Vingadores há anos. 
Mas paciência, acho que esse é um preço baixo a se pagar. Na minha opinião, nós nerds temos que aproveitar; ainda que o mercado esteja mirando no chamado “modinha”, quem ganha somos nós. Nunca houve tanta oferta de produtos nerds no mercado.

P: Após o avanço da internet, e do surgimento de sites de relacionamentos, os Nerds se tornaram mais fortes e mais livres para se exporem e dividir o seu conhecimento?
R: Os nerds sempre se relacionaram em eventos presenciais, trocas de cartas, fanzines, grupos de leitura... Os sites de relacionamento facilitaram esse contato, não dá dúvida, mas não acho que os tenha deixado mais fortes. O que realmente fortaleceu a cultura nerd é que ela chegou ao mainstream e o próprio nerd mudou sua imagem e provou que ele é capaz de se relacionar, ser alguém “normal”.

P: Sair do underground e vir para o mainstream é objetivo do Nerd hoje?
R: Não. O objetivo do nerd é ler um bom quadrinho, assistir a uma boa série, curtir uma partida de videogame online com os amigos. Se nesse meio tempo dele puder dominar o mundo, tudo bem. 

P: Entre todos os produtos da cultura Nerd, qual é o que pode mais influenciar a um jovem a querer entrar de vez no movimento?
R: Não se pode ver a cultura nerd como um “movimento”. Pelo menos não é assim que eu vejo. É algo mais natural, espontâneo. Tem a ver com personalidade, gosto pessoal por determinados temas e determinados hábitos, especialmente a leitura. Os filmes e seriados são uma boa porta de entrada, mas sempre que posso eu aconselho as pessoas a buscarem o material original, ou seja, o quadrinho, o livro etc.

P: E nas mídias, como o Nerd é alcançado? É difícil atingir esse público ou mesmo com a popularização ainda é difícil?
R: A questão é que o nerd é exigente. Ele não só conhece o livro, autor o personagem; ele adora! Por isso, é muito crítico e não gosta de desvirtuem algo que é importante para ele. Muitas vezes um produto sofre tanto alteração para chegar ao grande público que acaba sendo rejeitado pelo nerd. E ele, como formador de opinião, pode definir em grande parte o sucesso ou não desse produto. Atingir o nerd não é difícil, mas é preciso cuidado redobrado, capricho, respeito pelo cânone.

Muito obrigado Jota por nos ceder um pouco do seu tempo para responder as nossas perguntas.
Toda a equipe do ABC dos Nerds agradece! 
E se vocês quiserem saber mais novidades sobre a cultura Nerd, 
curta a nossa página no facebook e até a próxima!

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